quinta-feira, 27 de março de 2008

"Não podemos viver apenas para nós mesmos.

Mil fibras nos conectam com outras pessoas;
e por essas fibras nossas ações vão como causas e voltam pra nós como efeitos."

(Herman Melville)

quarta-feira, 26 de março de 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

Eu me rendo. (Danuza Leão)

Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filhorecém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite,quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar umaidéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molhojá pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimidaporque não teve tempo de fazer uma escova
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno comuma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e umvinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e asvelas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.
Ah, quanta mentira!Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à quefaz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempremaquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local detrabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheresmaltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Masele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe aguerra já está perdida. Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos oscharmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa,fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter umamassagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo parafazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para overão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois doexpediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmentebranca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour. Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seuselevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices deprodutividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina queresista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco -para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudocombine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quandochegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estãoagressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver.
Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisassem as quais não se pode viver: ar, água e pão. Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade;impossível, eu diria.
Parabéns para quem consegue fingir tudo isso....